Desde 1º de abril, a dosagem de calprotectina fecal passou a fazer parte das coberturas de planos de saúde para diagnóstico e acompanhamento de doença inflamatória intestinal. A calprotectina é uma proteína que tem várias funções, como atividade antibacteriana e antifúngica, inibição das metaloproteinases e indução de apoptose (morte celular).
Considerada o principal marcador de inflamação que se correlaciona muito bem com os achados da ileocolonoscopia, o exame de calprotectina fecal identifica o aumento dessa proteína nas células de defesa que atuam no intestino.
Inúmeros estudos têm demonstrado forte relação da calprotectina fecal com a atividade inflamatória do intestino, inclusive para diferenciar a síndrome do intestino irritável (SII) de outras doenças orgânicas.
A médica gastroenterologista Andrea Vieira, vice-presidente da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), explica que a calprotectina é uma proteína ligada ao cálcio e ao zinco que fica no interior de uma célula chamada neutrófilo. Estas células estão sempre presentes quando há inflamação e se rompem liberando os grânulos do seu interior, entre eles a calprotectina.
Como a base da DII é a inflamação, na doença ativa este marcador aumenta. “A calprotectina é importante na doença inflamatória intestinal, pois é um marcador de inflamação. Nos pacientes com DII, é utilizada para seguimento e monitorização, assim como para descartar que os sintomas apresentados pelo paciente sejam decorrentes de um quadro funcional associado à doença de base e não à crise da DII”, detalha.
A utilização deste marcador pode evitar a realização de ileocolonoscopia desnecessária ou, ainda, mudança terapêutica, utilizando como parâmetro apenas os sintomas do paciente, pois valores normais de calprotectina descartam a presença de inflamação. Além disso, o exame é recomendado para rastreio de pacientes com diarreia crônica na investigação de DII.
“Este marcador indica inflamação, e outras situações que aumentam a inflamação podem aumentar a calprotectina, como diverticulite, colites infecciosas, colites induzidas por medicamentos, câncer, cirrose hepática e uso de medicamentos que alteram as bactérias do intestino, entre outros”, acentua. A médica acrescenta que, quando elevada, a calprotectina sinaliza que é preciso progredir a investigação, em especial por meio da ileocolonoscopia, para avaliar a inflamação.
O exame também ajuda os médicos a prevenirem o risco de recidivas da DII, pois, em pacientes assintomáticos que começam a apresentar elevação da calprotectina, salvo na presença de outras situações que podem elevar este marcador, a recidiva da doença pode estar ocorrendo. Neste caso, é necessário monitorar mais frequentemente o paciente e até mesmo indicar a realização da ileocolonoscopia com biópsias e dosagem de PCR.