Cuidados básicos das ostomias
Diagnosticada com doença de Crohn no ano 2000, a enfermeira e presidente da Associação Mineira de Ostomizados (AMOS), Alessandra Vitoriano Castro, é ostomizada desde 2006 e ministra palestras e aulas com objetivo de desmistificar o uso da bolsa e de orientar pacientes, familiares e profissionais da saúde em relação às ostomias. Durante o curso de capacitação dos médicos, enfermeiros e agentes de saúde do FOPADII, a enfermeira explicou de forma simplificada que ostomia é a exteriorização do intestino grosso ou delgado (colostomia e ileostomia, respectivamente) através da parede do abdômen, para a eliminação das fezes de pacientes que se submeteram à retirada de parte (ou todo) do intestino.
A autora do livro Registros de uma Crohnista (2015) também lembrou que muitas pessoas, principalmente em rede social, dizem que está errado tocar no assunto de ostomia para pacientes com DII, porque ficam apavorados. Entretanto, a maior arma dos pacientes é justamente a informação. “Vejam, a cirurgia que determinou minha ostomia foi emergencial e não tive a minha médica explicando detalhadamente como era o procedimento antes de seguir para o centro cirúrgico. Se eu não fosse enfermeira e soubesse o que era ostomia, teria passado muito aperto”, argumenta. Por causa da falta de informação, muitos ostomizados ficam desesperados e até desistem de viver e, para Alessandra Castro, o papel dos enfermeiros ganha ainda mais importância neste contexto.
“Estamos na ponta com o paciente e, após a cirurgia, é fundamental ter alguém que explique como usar e cuidar da bolsa adequadamente. Tenho casos complicadíssimos de ostomia, mas isso não é comum. Entretanto, é o que vai aparecer para o paciente que vai para a internet. Por isso, precisamos estar sempre bem informados para ajudar”, ressalta. Alessandra Castro explica que assim que o paciente sai da cirurgia começa um momento muito importante, que são as escolhas que ele fará com sua nova condição, entre as quais a bolsa que melhor se adapte ao seu corpo. Outra orientação importante diz respeito ao cuidado que o paciente precisa ter com o estoma para evitar dermatite e ferimentos na pele, e sobre os produtos que podem ajudar na manutenção da bolsa e da região ostomizada.
Preconceito e direitos – Alessandra Castro enfatiza que o preconceito em relação ao ostomizado é uma das piores situações vividas por um paciente com DII. “Ostomizado não fede usando a bolsa certa, isso só acontece quando vaza. É o mesmo que ocorre a qualquer pessoa que use o banheiro e não se limpe direito”, acentua. Importante ressaltar que todo ostomizado tem direito a receber gratuitamente bolsas coletoras de fezes e urina e outros acessórios, assim como materiais para higiene e cuidados com a pele. Além disso, a Lei federal 5.296/2004 classifica os pacientes ostomizados como deficientes físicos e garante amparo de um conjunto de leis que regulamentam os direitos das pessoas com deficiência no Brasil nas esferas federal, estadual e municipal, como isenção de imposto de renda na aposentadoria por invalidez, saque do PIS e do FGTS, isenção de ICMS e IPI na compra de carro adaptado, isenção de IPVA para veículos adaptados, auxílio-doença, benefício assistencial (BPC-LOAS) e passe livre municipal, intermunicipal e interestadual. “A única coisa que peço a vocês, como profissionais, é que olhem todos os pacientes, e em particular os ostomizados, como pessoas inteiras. Humanizem esse tratamento, porque isso é tudo que precisamos. O resto vamos convivendo, aprendendo e tirando de letra”, enfatiza.