Uma das maiores autoridades em DII do mundo, o professor doutor Claudio Fiocchi, pesquisador do Departamento de Inflamação e Imunidade da Cleveland Clinic – um hospital de grande tradição no tratamento e na pesquisa da doença inflamatória intestinal – afirma que as DII são doenças altamente complexas, assim como asma, artrite reumatoide, esclerose múltipla, espondilite anquilosante e psoríase.
As DII têm grande variabilidade na apresentação clínica e nos sintomas, dependendo da localização e extensão da doença. “Nas doenças inflamatórias intestinais estão envolvidos vários fatores, como ambiente, genética, microbioma e sistema imunológico. Por isso, a DII é tão complicada, mas há muita coisa boa acontecendo”, relata.
Como os fatores ambientais interferem nas questões de saúde e de doença desde a concepção, é bastante complexo para os cientistas definirem com exatidão quais são os mais importantes para o desenvolvimento da DII em cada paciente.
No entanto, é consenso que as mudanças no estilo de vida, trazidas pela modernização, estão entre os fatores que contribuíram para elevar o número de casos dessas doenças. O professor Claudio Fiocchi acrescenta que outra questão importante é o fato de os tratamentos atuais não serem muito eficazes.
Entretanto, essa realidade vai mudar quando a Medicina de Precisão estiver mais avançada e aplicada para um maior número de pessoas, pois levará em conta a individualidade do paciente em nível molecular, com dados genômicos, imunológicos e microbiológicos avaliados por meio de machine learning (aprendizado de máquina). “Máquinas têm poder analítico muito maior que os seres humanos e são fundamentais para a Medicina de Precisão.
Porque sabemos que não existem dois indivíduos iguais no mundo, mesmo que sejam gêmeos, e não dá para saber quais vão responder a um ou outro medicamento da forma mais eficaz”, acentua o professor.
Com mais dados ômicos de todos os tipos, melhor será a análise e a informação para tratamentos e saúde. A indústria farmacêutica leva, atualmente, de 10 a 15 anos para colocar um novo medicamento no mercado, enquanto com a Inteligência Artificial esse tempo poderá ser reduzido para 3,5 anos ou menos.
As estimativas indicam que as análises moleculares vão tomar conta da medicina a partir de 2030 e, no lugar dos exames tradicionais, serão feitas análises dos ‘omas’ de cada indivíduo que, juntamente com os dados clínicos, serão fundamentais para uma maior efetividade dos tratamentos. O pesquisador informa que isso já acontece no campo oncológico há vários anos e deverá ocorrer com o tratamento da DII, que será melhor e garantirá mais qualidade de vida aos pacientes.